A Morte
Editorial
“A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.”
Fernando Pessoa
Inês Rosa, Natacha Cantarinhas
Fernando Pessoa define a Morte como “a curva da estrada”. O desconhecido. Aquilo que está além de nós. Reconhecemos a sua existência, mas queremos a todo o custo evitá-la. Mas o que será realmente a Morte? Será uma mera interrupção da Vida ou o seu fim? Não é possível responder objetivamente. Existem hipóteses, crenças, e até teorias, mas todas elas têm algo em comum: a incerteza da verdade.
Já na Antiguidade as civilizações tentavam explicar e teorizar o conceito de Morte. Nos dias de hoje e com a estrondosa evolução científica e tecnológica, a questão da morte tem vindo cada vez mais a ser ultrapassada: desde os procedimentos médicos progressivamente mais complexos e eficazes até aos hologramas que incorporam pessoas já mortas com o máximo realismo. No entanto, nada existe (ainda) para fugir à inevitabilidade da Morte.
Nascemos, vivemos e morremos. Durante a nossa vida aprendemos a conviver, de perto ou de longe, com a possibilidade de morrermos ou de vermos morrer os que nos são próximos; mas fazemos de tudo para acreditar que nos/lhes restam muitos anos pela frente. A realidade é que a Morte é incontrolável e inesperada. Daí provocar tanto desassossego.
Quem parte não volta para contar a história. Tudo o que está para além da Vida é das maiores incógnitas da Humanidade. Nesse sentido, a nossa revista não é mais do que uma reflexão sobre a Morte e as suas diferentes nuances que são, muitas vezes, ignoradas.
A Morte é a única consequência direta de viver, mas pode ser um pretexto para recordar, um despertar coletivo ou, até mesmo, uma hipótese de negócio. Há um universo que desconhecemos; e há outro que encaramos diariamente: a experiência dos que ficam e relembram.