DEMOCRACIA

Do Silêncio à Voz Livre

“Do silêncio à voz livre” é o título deste PodCast. Este projeto propõe uma comparação entre duas realidades distintas no campo do jornalismo e dos media: a realidade antes do 25 de Abril e a realidade após a Revolução dos Cravos. Para isso, moderamos uma conversa entre dois jornalistas, um que viveu durante a existência de censura (Francisco Sena Santos), e outro que viveu e trabalhou sempre em liberdade (Tiago Carrasco). “Do silêncio à voz livre” procura refletir sobre como o 25 de Abril transformou o jornalismo português, desde a censura à liberdade de imprensa atual.

Diogo Bértola e Madalena Filipe

Falar sobre a liberdade de imprensa em Portugal é embarcar numa viagem que atravessa os extremos de dois mundos distintos: o cinzento abafado do Estado Novo e o colorido vibrante da democracia que se seguiu ao 25 de Abril de 1974.

Antes da Revolução dos Cravos, a imprensa vivia numa realidade engessada pelo peso do regime. O Estado Novo (1926-1974) tinha na censura a sua fiel aliada, silenciando ideias divergentes e ajustando as “verdades” conforme os interesses da ditadura. Cada palavra publicada era cuidadosamente filtrada, e o pensamento crítico parecia condenado a um confinamento sem saída. Era um cenário onde a informação não circulava — rastejava sob o olhar atento do poder. Mas tudo mudou na manhã de abril que trouxe os cravos e libertou o país das amarras do autoritarismo. Com a queda da ditadura, a liberdade de imprensa renasceu, tornando-se um dos pilares da nova ordem democrática. A censura foi abolida, e os jornalistas, antes tolhidos pelas restrições, encontraram um novo fôlego para informar, questionar e denunciar.

De repente, Portugal viu nascer uma imprensa livre, dinâmica e plural, que dava voz à diversidade de opiniões. Reportagens investigativas, críticas ao sistema e debates públicos tornaram-se possíveis, incentivando a formação de uma opinião pública mais consciente e participativa.

O que antes era silêncio e submissão transformou-se em um eco vibrante de pluralismo e diálogo. O 25 de Abril não apenas mudou o rumo político do país; devolveu-lhe a alma, com uma imprensa livre que, até hoje, continua a ser uma guardiã da democracia.

“o 25 de abril foi a maior fronteira até aos dias de hoje, entre um quarto escuro e a luz luminosa da liberdade”

Francisco Sena Santos é uma figura respeitada no jornalismo português e ex-docente da Escola Superior de Comunicação Social. Atualmente, partilha a sua visão como cronista na Antena 1 e no Sapo24. O seu testemunho oferece uma perspetiva valiosa de quem vivenciou a censura e os tempos de restrição à liberdade de imprensa.

“tenho sentido ultimamente, não só em Portugal, como no estrangeiro, que as pessoas estão cada vez menos importadas que haja censura novamente”

Tiago Carrasco representa a nova geração de jornalistas que sempre viveu em total liberdade. Iniciou-se na TVI, passou por projetos da RTP e RTP-África e colaborou com publicações como a revista Sábado e a Playboy.

A liberdade de imprensa conquistada com o 25 de Abril permanece como um dos maiores triunfos da democracia portuguesa. Hoje, num mundo onde a verdade é frequentemente desafiada, a imprensa livre continua a desempenhar o papel de farol, iluminando os caminhos da cidadania e da justiça. É uma herança que nos lembra que a liberdade nunca é um dado adquirido, mas um bem que precisa ser protegido e celebrado todos os dias. Afinal, o pluralismo e o diálogo aberto são as bases de uma sociedade que se quer viva, crítica e comprometida com o futuro.