Tempo
Editorial
A palavra tempo tem origem no latim tempus e o seu uso é comum às línguas românicas. Usamo-la com frequência para falar da duração de um instante ou para nos expressarmos acerca dos processos atmosféricos.
Comentamos se algo aconteceu há muito, há um ano, ontem, no minuto passado ou se este ar morno e húmido de outono está de acordo com a previsão habitual do tempo para os meses finais do ano.
Para lá deste uso mais comum que nos ajuda à vivência em comunidade, podemos encontrar outros sentidos para a palavra, com frequência presente nos mitos da criação e nas narrativas poéticas. Usadas de forma sábia, as palavras do poeta apresentam infinitos sentidos perante a nossa perplexidade pelo desenrolar do mistério da vida.
Nesta edição da revista, quatro histórias propõem-nos uma reflexão sobre o efeito que uma mudança determinante e significativa na vida pode ter na noção de tempo. Apresentamos uma jovem que optou pela vida silenciosa de um convento e uma outra que, apesar da doença e da gravidade das consequências que teve nos seus planos de futuro, continua a viver, recomeçando sempre.
A terceira história leva-nos a refletir sobre a necessidade e o poder de antecipar o futuro, apoiados em crenças que estão para lá da ciência. A fechar, uma reflexão sobre a vida “normal”, pensada, projetada e planeada e a impermanência que a interrompe e nos torna conscientes do mistério do futuro.