Sobre

Esta revista é a concretização de um sonho antigo. E a razão de ser deste sonho tem a sua raiz na qualidade, imaginação e empenho de rapazes e raparigas que foram meus alunos ao longo dos últimos anos. A unidade curricular que lecionei começa pela palavra narrativas. Narrar trata da maneira de contar e, nesta disciplina, os alunos constroem histórias e depois trabalham-nas, no sentido de as dar a conhecer de forma criativa e inteligente, desafiando ideias feitas, preconceitos e rumores que tantas vezes se apresentam como verdades que o não são. Às vezes é difícil motivá-los porque lá têm de fazer mais um trabalho que parece complexo, que se desenrola por fases muito marcadas, que nunca mais parece ter fim. Mas à medida que vão progredindo sente-se, com frequência, um entusiasmo crescente, uma descoberta interessada e a perceção da importância das histórias bem contadas numa comunidade que se quer mais forte e participada. 

Ao longo destes anos, no final de cada ano letivo, pensei sempre com pena nos trabalhos maravilhosos cujo destino tem sido o meu arquivo, não tendo oportunidade para “sair” da escola, para chegar a outros.  

No ano passado, por via do confinamento, encontrei na plataforma zoom a professora Joana Souza. Não nos conhecíamos. Embora na mesma escola, lecionávamos em cursos diferentes, eu em jornalismo e a Joana em Audiovisual e Multimédia.  Começámos uma conversa sobre o que ensinávamos e descobrimos, com algum espanto, que havia interesses comuns que se podiam desenvolver e complementar através dos nossos alunos. Eu queria concretizar uma revista para a Unidade Curricular de Narrativas onde fossem publicados os trabalhos dos alunos e a Joana queria que os seus alunos praticassem esta arte de conceber graficamente um projeto, estabelecendo o layout, organizando os conteúdos e por aí fora. Ou seja, podíamos colaborar e trabalhar em conjunto com o objetivo de, no final, existir uma revista, aberta à escola e à sociedade. 

Ela aqui está. Em razão da sua origem, será sempre organizada de forma temática, e terá dois números por ano, pois são duas as turmas que frequentam esta UC.   

Nasceu desse sonho de que falei no início e da colaboração experimental e criativa entre os dois cursos, juntando-nos às duas e aos alunos. 

Faço votos de que esta revista seja uma fonte de inspiração para quem a ler e de orgulho para quem nela colaborou. Fazendo meu o pensamento de Samuel Beckett, tentar sempre, uma e outra vez, falhar sempre, uma e outra vez, falhar melhor. Porque se não tentarmos, nunca ousaremos.

À Joana Souza, uma professora cuidadosa, competente e muito generosa, os meus sentidos agradecimentos.

À Fernanda Bonacho, a professora que tomou a seu cargo esta UC de Narrativas, uma homenagem pela vontade de ensinar, mais e melhor, fazendo seu o objetivo de mostrar aos alunos que muitos são os caminhos que os podem levar ao mundo.

Joana Pontes

Projetos como este, que emergem do trabalho que alunos e professores desenvolvem no espaço escolar e que depois são integrados pelas instituições, são muito importantes para articular a compreensão das aprendizagens que são propostas durante o percurso académico, com a relação e potencial de intervenção que podem ter na realidade exterior à escola. 

Possibilitam aos alunos uma experimentação, não só em torno do tipo de trabalhos que podem vir a desenvolver no futuro, mas também do tipo de participação que podem ter na sociedade que os vai receber. 

Iniciativas como esta fomentam a cultura participativa que, por um lado, acabam por moldar a cultura da escola em que se inserem, e que por outro, contribuem para uma formação mais ampla do indivíduo enquanto estudante, que ao extrapolar os limites de aprendizagem das matérias propostas nas disciplinas, compreendem o seu papel enquanto agentes que intervêm nas comunidades de que fazem parte.

São por isso  oportunidades para, em primeiro lugar, mostrar que é possível ter uma ideia e concretizá-la. Em segundo, promover a aprendizagem entre pares, potenciando o trabalho colaborativo e a troca de saberes. E por último, permitem verificar que tal como nós, que ao vermos os projetos que outros colegas desenvolvem com os seus alunos, nos sentimos contagiados e motivados a experimentar ideias semelhantes, também os alunos se deixam contagiar pela vontade de agir e participar na comunidade escolar enquanto espaço de experimentação.

A nós, professores e alunos, pemitem-nos refletir sobre as possibilidades que os trabalhos que desenvolvemos em aula podem trazer, reforçando a ideia de que os projetos que começam como um trabalho académico podem ser continuados, se assim o desejarmos.

No fim é muito recompensador ver o envolvimento de alunos e professores em prol de uma ideia que cruza a escola com as realidades envolventes. 

Após um ano de trabalho conjunto, a revista Narrativas chega a bom porto. Desta jornada fica a sensação de deixar sementes plantadas.

Um muito obrigada à Joana Pontes por na loucura da pandemia acreditar que era possível sonhar, à Maria Kurgy e em especial à Joana Melo por serem alunas inquietas e cheias de vontade. A Joana é quase especialista nesta área de criar pontes entre o curso de Audiovisual e Multimédia e Jornalismo. Aos alunos de jornalismo um agradecimento pelos seus incríveis trabalhos e dedicação, e à Fernanda Bonacho um enorme bem haja pela sua força de ação, sem a qual estes projetos, muitas vezes, ficam na gaveta.

Joana Souza

Ficha técnica

Coordenação editorial: Joana Pontes e Fernanda Bonacho
Gestão de Conteúdos e de Redes Sociais: Joana Souza, Lucas Barbosa, Rita Pitorro, Marta Barbosa e Gabriela Soares
Webdesign: Joana Souza e Joana Melo
Programação Web: Joana Souza e Nuno Palma
Linha Gráfica: Joana Melo
Logótipo: Carina Rita

Agradecimentos: Maria Kurgy