Dependência

Editorial

O tema que faz a ligação entre todas as reportagens deste número da Narrativas é “dependências”.

Flávia Gomes, Marta Carvalho

A reportagem “Pelo Som da Dor” aborda a dependência emocional na violência doméstica. É dada a conhecer a história de uma vítima que, através de um podcast, encontrou uma forma de quebrar o silêncio e libertar-se da sua dor.

A carência alimentar é outra forma de dependência. Com a crise pandémica da Covid-19, muitas famílias portuguesas conheceram dificuldades económicas acrescidas. Nesta edição incluímos também uma reportagem sobre a carência alimentar e a dependência de apoios prestados por instituições sociais. 

Seja ela de que tipo for, a dependência é um conceito inerente à problemática da prostituição. Foi através de duas mulheres, ex-prostitutas e ex-toxicodependentes, que ficámos a conhecer melhor este mundo. Cândida Alves e Elda Coimbra são as protagonistas de uma reportagem que nos permite ser espectador da vida de uma viciada em drogas que precisa de vender o seu corpo para conseguir sobreviver. 

“Cara ou Coroa – Entre a diversão e a adição” tem como tema a dependência do jogo – mais especificamente, as apostas em plataformas online por parte dos jovens. A narrativa subdivide-se em duas perspectivas: a do Tiago, um jovem que sofreu já com esta adição, e a de Vítor, diretor de uma clínica de reabilitação para pessoas com comportamentos aditivos.

Aș pessoas trans têm visto os seus direitos cada vez mais reconhecidos, mas ainda enfrentam muitas dificuldades no acesso a cuidados médicos, principalmente devido à falta de apoio financeiro  do sistema público e à discriminação por parte dos profissionais de saúde. É também uma forma de dependência.

Mas a dependência vai para além dos vícios. “Vou e seja o que Deus quiser” espelha a necessidade de uma camada significativa da população brasileira emigrar para fugir aos profundos níveis de pobreza. Foi esse o caso de Rafael, Lucas e Rodolfo que dão agora vida a mais uma reportagem da revista. 

E também um hábito saudável pode acabar em dependência: “Aquele ginásio passou a ser quase a minha casa” é a história da Natacha. Ela era uma menina de 18 anos que ficou dependente do desporto e desenvolveu um transtorno alimentar por querer perder peso.